Só Garganta
“Porque é que o raio do farmacêutico não me vende um antibiótico que eu já tomei antes?”
Primeiro, porque o raio do farmacêutico não pode, e, segundo, porque a saúde não é como um jogo de futebol onde só interessa o resultado.
Das muitas maleitas que levam a malta ao balcão de uma farmácia, são as “inginas” que mais inspiram a necessidade de “uma coisa mais forte”. Mas, apesar de, grande parte das vezes, este mal se resolver bem com 3 a 5 dias de anti-inflamatório e umas pastilhas de mel e limão (porque quem é que pode com aquelas de mentol?), a conversa do “eu já me conheço, isto só vai lá com um antibiótico” acaba sempre por vir à baila. E é assim que, 3 a 5 dias depois, o antibiótico “resolve” a situação e nós ficamos com a certeza que fizemos a escolha certa.
Sim, porque, vira e mexe, somos nós que exigimos ao médico a prescrição; e se o primeiro se fizer de rogado, e não conseguirmos vencer o segundo pelo cansaço, há que coagir o terceiro pela ameaça.
E esqueçam lá isso do antibiótico ser para tomar até ao fim. “Eu já tava fina depois de 4 dias e, assim, guardo os outros comprimidos prá próxima vez,” diz a mesma chica-esperta. “Não. Provavelmente, apenas conseguiste uma recaída dali a umas semanas e a necessidade de tomar outro antibiótico,” respondo eu, do alto do meu canudo. “E parabéns! Estás um Clavamox mais perto de uma infeção por super-bactéria!”
A não ser, é claro, que escolhas acreditar na malta da bata branca.
(a minha foi reformada antecipadamente, mas acreditem que ainda é suficientemente esbranquiçada para eu andar a pregar).
Imagem: Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1443604