Querido Diário,
Nunca pensei que fosse sentir tanta falta de um toque humano.
Depois de meses sem sair do lugar, dava tudo por voltar ao trabalho; eu, que ganho a vida a fazer exatamente a mesma tarefa, desde o momento que pego ao serviço até à minha hora de saída.
Num dia bom, passo o expediente todo a desejar toda uma panóplia de coisas horríveis aos clientes que, não tendo sequer uma palavra de agradecimento para me dirigir, ainda fazem questão de danificar o material.
Mas, apesar de tudo isto, dou por mim a sonhar com umas mãozinhas de criança, a colar de tão sujas, agarradas a mim, com a força de quem ainda não tem equilíbrio suficiente para não mandar um tralho das escadas abaixo.
E, com a exceção da queda - que envolve sempre sangue e gritaria – confesso-te, caro amigo, que este seria, para mim, um dia absolutamente perfeito.
Que ele chegue depressa.
Este sempre teu, Corrimão de Shopping