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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

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Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

18 de Agosto, 2025

Paredes de Coura: a minha primeira vez

Inês R.

Como a maioria das primeiras, foi cutelosa e programada; que é como quem diz, foi apenas por um dia, o último.

Sabia que não iria ter uma noite descansada - ainda que dormir num saco-cama me fosse familiar, havia toda a questão do festival a acontecer à minha volta -, mas as três horas de viagem fi-las pela experiência - acampar numa floresta flipada, banhada por um ribeiro forrado a gente gira, e com boa música, literalmente, para onde quer que nos virássemos.

Depois de encontrarmos duas parcelas (semi-)contíguas, de dois metros quadrados cada, onde pernoitar, e de travarmos amizades para a vida na fila prás tripas de chocolate, fomos conhecer o recinto para tentar delinear o plano de ação para noite.

Imediatamente, ficou decidido que ir ao Paredes de Coura e não assistir ao concerto dos headliners seria como escrever sobre os Franz Ferdinand e não fazer uma piadinha sobre o quão bem conservado está o arquiduque. Mas deixámos as atuações seguintes para a malta que ainda não estala dos joelhos de cada vez que se agacha para "descansar as pernas" - o Xinobi que me desculpe (ainda que eu não o possa perdoar pelo set de horas...).

Desta vez, não fiz o trabalho de casa; não fui ouvir os artistas que não conhecia do cartaz, como que em preparação para o exame final. E venho de lá com novos favoritos.

Os Cassete Pirata já me eram sobejamente conhecidos para reconhecer algumas das canções pelos primeiros acordes, e, ao vivo, aquela malta não tem nada de cópia não autorizada. Boa vibe, ainda que o set tenha sido curto, e uma mensagem importante.

Cassete Pirata.jpg

Conhecia a amiga Ana Frango Elétrico de voz; já anda a rodar (pun not intended) pela rádio nacional há uns tempos. Mas, em palco, aquela voz melódica e aquele ritmo vindo do lado de lá do Atlântico fizeram o que as ondas FM ainda não tínham conseguido: fazer-me procurar mais música da rapariga da churrascaria da moda.

Ana Frango Elétrico.jpg

Viva Hinds, sim senhora! As miúdas de Madrid foram uma agradável surpresa e uma lufada de ar fresco (depois das introspetivas Chastity Belt - com uma vocalista que fazia lembrar uma Courtney Love circa Celebrity Skin) no palco secundário. Com muita energia e a sinceridade de quem já esteve do outro lado (literalmente! Enquanto fans e artistas aspirantes a atirar o seu primeiro CD à sua banda favorita a atuar no Paredes), conquistaram o coração e o ouvido da audiência, incluindo o meu (ou não estivesse eu a ouvi-las enquanto vos escrevo).

Hinds.jpg

Fui assistir ao set da Sharon Van Etten & The Attachment Theory com a certeza que já tinha ouvido aquele nome em algum lado e, lá está, conhecia bem a canção que fechou a atuação: Seventeen. Se não seguirem nenhuma outra das minhas sugestões, ao menos, escutem esta canção. E, se gostarem da cantiga, espreitem o resto do catálogo. Eu vou fazer o mesmo.

Sharon von Etten.jpg

Tenho de confessar que curti o grunge ativista dos americanos DIIV (uma mensagem política é sempre mais bem recebida em formato de anúncio publicitário filmado num andróide de primeira geração) e os britânicos Warmduscher fizeram-me repensar a minha distância do rock mais pesado (ou post-punk, como eles se caracterizam) - especialmente, com um frontman tão carismático e divertido, ainda que me tivesse dado vontade de atirar uma Mebocaína para o palco.

O entusiasmo sentia-se no ar (pun very much intended), quando a mutidão se abancou em frente ao palco principal para ouvir os AIR. E os rapazes não desapontaram. A música eletrónica não costuma ser a minha cena, mas o duo francês fez muito mais que carregar em botões por uma hora e picos; com uma bateria e guitarras elétricas em palco - e um espetáculo visual de nos fazer repensar a nossa política de say no to drugs -, deixaram-me uma cliente satisfeita - e que agora pode dizer que viu os AIR em concerto.

AIR.jpg

Antes de ir procurar um lugarzinho de pé no ervado, fomos comer qualquer coisita - havia música de fundo que me fazia abanar a cabeça, mas não o suficiente para me fazer abandonar o banco que soube que nem ginjas -, e, então, de estômago aconchegado, partimos para o fim da (nossa) noite.

Os Franz Ferdinand tinham feito parte da banda sonora da minha juventude - no sentido em que conseguia identificar todas as mais conhecidas, mas apenas sabia trautear os refrões e cantar os na na na's. Ainda assim, esperava um bom concerto, e um bom concerto foi o que encontrei.

Os "cotas" fizeram a festa! Puseram todos os seus hits a trabalhar e receberam do "Paiedes de Coira," como o vocalista gritou vezes sem conta, toda a energia que restava no recinto (que, surpreendemente, ainda abundava, às primeiras horas da madrugada de domingo).

Franz Ferdinand.jpg

 Após a atuação da banda, foi passada uma compilação dos melhores momentos do festival - repleta de boa disposição e serpentinas -, rematada com uma largada de balões que despertou, até no mais rabugento dos adultos, a criança que havia em si.

Paredes final.jpg

Se volto lá? Provavelmente! Com um quarto de hotel reservado, o fitness em dia e a certeza de que vão ser horas muito bem passadas.

Bem vindos ao Couraíso, sim senhora!

 

Todas as fotografias são da minha autoria. E não infringem direitos de autor, não que alguém as quisesse usar.

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