Os Bons Velhos Tempos
Cada geração tem a sua versão, que considera a definitiva e defende até à morte (leia-se cancelamento nas redes).
Nos "bons velhos tempos" da malta da minha idade andava-se de carro sem cintos de segurança, uma adolescente podia ir comprar um SG Gigante para o pai (porque lho vendiam!), uma grande parte das mulheres adultas era "dona de casa" ou "mulher a dias," e o conceito de saúde mental só existia no dicionário.
Se tenho boas memórias da minha infância - que as tenho - não faço delas uma bandeira e muito menos considero que a evolução das sociedades seja algo, intrinsecamente, negativo.
Posso olhar para o mundo que me rodeia e apontar todos os problemas que o afetam (que são muitos e variados!) e, ainda assim, celebrar todas as vitórias que alcançámos enquanto espécie.
Porque nos bons atuais tempos um seropositivo pode viver décadas com uma carga viral tão baixa que não é infecciosa, a violência doméstica e o abuso sexual de menores são crimes públicos, há mais mulheres no ensino superior do que homens, e qualquer pessoa com um telemóvel e uma ligação à internet pode tentar seguir os seus sonhos.
Portanto, não, não precisamos de "tornar os tempos bons, de novo," apenas temos que tentar que sejam melhores.