Orgulho e Sofrência
É uma verdade universalmente reconhecida que um homem em busca de boa vizinhança não deve ouvir música demasiado alta.
Quis o destino que a casa ao lado da minha fosse alugada a malta muito "gente boa," sempre de sorriso no rosto e que gosta, genuinamente, de ajudar; ao ponto de passar os fins de semana a "partilhar" a discografia completa dos maiores nomes da música falada em Português.
Pois, eu que também sou boa rapariga e raramente me enervo, tenho de admitir que, quando os bibelots tremem e nem de phones nas orelhas consigo abafar os baixos dos subwoofers, desperta em mim aquela velha aziada que fica com as bolas aos miúdos do bairro e fecha a porta aos peditórios para a festa de S. João.
Se já disse alguma coisa? Claro que não! Limito-me a fechar as janelas com a força de quem diz que está extremamente aborrecida com a situação e fico em casa a dizer mal da minha vida.
Porque? Ora, porque sou boa vizinha, por que outra razão seria?