O Meu Vizinho Chico
É quase reconfortante perceber que o Papa Francisco é apenas um homem; que podia ser um dos meus vizinhos que não têm "nada contra gays," desde que "eles façam essas coisas lá na casa deles".
Com a agravante do Chico não ser só um gajo, mas o supremo pontífice da Igreja Católica cujas palavras têm, potencialmente, repercussões muito sérias.
Mas nada disto me choca; eu, que sou ateia desde os meus 19 anos, considero a religião pouco importante para qualquer sociedade que conheça a sociologia, a filosofia ou a ciência. A moralidade não é um exclusivo da fé e não seguir os dez mandamentos não faz de mim - uma paz-de-alma profissional - uma devassa a caminho do inferno.
Já para a maioria dos Portugueses - católicos, mesmo que só de nome - este tipo de declarações consegue uma de duas coisas: confirmar aquilo que já pensavam, ou trazer ao de cima as suas "melhores" capacidades de argumentação.
É ver e ouvir a malta a denegrir toda e qualquer publicação que faça título das palavras (literalmente) ditas pelo Papa, porque, e passo a citar: "há muitas outras coisas que são pecado e que a gente faz na mesma, era só um exemplo".
Ver os católicos a admitir a sua própria hipocrisia não estava no meu bingo para 2023, mas bebo o shot na mesma.