Morte de um Chapéu de Chuva
Chapéu de chuva, aparentemente robusto, é eviscerado em plena rua.
O vento responsável já não tinha nome próprio, mas conseguiu, em segundos, provocar entre 10 a 20 euros de prejuízo e exasperar uma mulher adulta a caminho do supermercado.
"Senti aquele suspiro e revirar de olhos como se fossem meus o chapéu, a frustração, e os óculos graduados à mercê da chuva," poetizou um dos transeuntes que testemunhou o sucedido.
Passavam alguns minutos das onze da amanhã quando, sem que nada o fizesse prever, uma rajada mais forte virou as varetas metálicas do guarda-chuva e com elas o plástico transparente que resguardava a sua proprietária da intempérie. Se em muitos casos é possível restabelecer todas as partes às suas posições iniciais, aqui ficou claro, de imediato, que não existia engenheiro capaz de o conseguir e a morte foi pronunciada no local.
Mas, fosse pelo choque ou pela afeição que tinha pelo falecido, a mulher nunca soltou o cabo do chapéu e prosseguiu com ele pela mão até ao caixote do lixo que seria a sua última morada.
O minuto que demorou a seguir com o enterro levou a que várias pessoas se emocionassem com a cena e que tantas outras a considerassem uma simples questão logística: "Experimentem vocês levantar a tampa molhada de um contentor de rua enquanto levam com um dilúvio pela cara fora."
Curiosamente, foi reportado mais tarde que, à saída da superfície comercial, não trazia consigo um novo chapéu. Fontes próximas da vítima alegam que a razão estaria na app do Tempo que a mulher consultava religiosamente desde a sua instalação, no ano anterior.
A nossa redação deixa os mais sentidos pêsames a todos os afetados pela perda de um chapéu de chuva e votos de que não precisem de o substituir tão cedo.