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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

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28 de Abril, 2025

Mickey 17 - A Minha Análise (Pouco) Cinematográfica

Inês R.

Admitidamente ou não, o filme Mickey 17 do realizador de Parasita, Bong Joon Ho, é uma sátira aos ditadores do mundo - e ao ditador-noviço Americano em particular. O Mark Ruffalo faz de troca-tintas, ignorante e sedento de poder muitíssimo bem. E os extraterrestres (ou literais "aliens"), que se revelam (spoilers!) como seres inteligentes que só querem viver as suas vidas em paz, são um, nada subtil, comentário à realidade atual dos EUA.

Mas eu não vim aqui dar estrelas à qualidade da realização, do enredo, ou das prestações dos atores.

Quero, antes, chamar a atenção para um ponto particular da história: neste mundo (não assim tão) futurísta, a ciência permite a "reimpressão" de seres humanos como forma de lidar com situações imprevisíveis ou perigosas ou para ensaios clinicos pouco éticos. Daí que o nosso protagonista seja o número 17.

Este "descartável" é enviado para missões suicídas e exposto aos vírus mais terríveis, porque pode, simplesmente, voltar a ser impresso com todas as suas memórias.

Um pormenor que achei muito bem conseguido foi o fato dos novos Mickey's serem impressos numa maquineta de onde saem aos solavancos como se de uma impressora de papel de tratasse.

No entanto, questões práticas à parte (é claro que a clonagem existe, mas "fabricar" um humano adulto a partir de restos orgânicos será menos plausível, digamos), é na moralidade de usar seres humanos como ratos de laboratório que me quero focar.

Porque, sim, chegámos onde estamos hoje às costas de inumeras barbaridades feitas à margem da lei e da conduta profissional de muitos indivíduos, que nem merecem a distinção de médicos ou cientístas, mas isso não as minimiza nem valida.

Os ensaios clínicos exigidos para a comercialização de um novo medicamento, por exemplo, levam anos a desenvolver-se porque apenas chegam ao estadio dos testes em humanos quando a segurança dos mesmos está o mais demonstrada possível.

Não podemos permitir que os mais desprotegidos dos nossos - as minorias, as pessoas com deficiência, etc. - sejam sacrificados "pelo bem maior". Até porque a desumanização do outro é o primeiro passo para a ruina de qualquer sociedade. E temos exemplos claros a acontecer neste momento pelo mundo.

Enfim, vejam o filme. Tá porreirinho.

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