Médium de Farmácia
Ao que parece, eu fazia demasiadas perguntas ao balcão.
Sim, porque o utente é ignorante; sabe lá a diferença entre tosse seca ou produtiva. Pelo que, era sobre mim que recaía a responsabilidade de indicar os remédios certos para a farmácia, digo, para o utente.
Imagino que uma boa colaboradora, quando confrontada com um novo ser humano do lado de lá do balcão, o abordaria mais os menos assim:
“Bom dia, queria-“
“Não diga mais. Sai uma joelheira, tamanho M, e uma caixa de laxantes de aplicação retal.”
“Não, eu-“
“Peço imensa desculpa, tem toda a razão. Serão, então, duas caixas de laxantes e um lubrificante à base de água.”
“Obrigadinha, sim?”
E pensar que eu podia ter tido uma longa carreira como médium, digo técnica, de farmácia, se ao menos tivesse ignorado alguma desta minha chatinha responsabilidade profissional…