Linguagem Científica
Utilizar uma linguagem, convenientemente, simplista sobre certos estudos científicos (para justificar o corte do seu financiamento) não é inocente. E é uma das (muitas) táticas usadas pelo atual governo dos EUA para garantir o apoio dos cidadãos às pressões que tem colocado sobre as universidades onde estes estudos se realizam. (Fonte)
"Se querem continuar a receber os nossos dólares, só têm de deixar de parte aquelas políticas parvas de inclusão, tá?"
E, atenção, é compreensível que muitos Americanos concordem, por exemplo, com o cancelamento de um projeto de investigação a custar milhões ao estado e que "apenas" estudava como uns caracóis venenosos matam as suas vítimas. Mas talvez a sua opinião se alterasse se lhes fosse explicado que esse estudo resultou na produção de um medicamento não-opióide para a dor crónica. (Fonte)
Trocado por miúdos, trouxe a possibilidade de tratar pacientes que sofrem diariamente com níveis incríveis de dor (e que não respondem aos analgésicos comuns) sem o risco de adicção - que é muito elevado quando falamos de opióides (medicamentos da família da morfina).
Esta tendência está muito associada à ideia de que a utilização de palavras "caras" é uma forma de enganar o povo; que é impossível perceber o que um artigo científico quer dizer, por entre aqueles termos de sete e quinhentos, e que, portanto, a intenção só pode ser roubar dinheiro aos contribuintes enquanto dão cabo do mundo como o conhecemos.
Durante a pandemia, andou a circular, pela Internet, uma lista de ingredientes, com nomes estranhíssimos, que se dizia ser a composição de uma vacina contra a Covid, o que enraiveceu a maioria dos internautas e fez surgir inúmeros pedidos para o seu desaparecimento. A grande revelação era o fato daquela ser a lista de "ingredientes" que compõe uma maçã. (Fonte)
E é claro que o cidadão comum não tem de estar familiarizado com nenhum destes termos. Mas é importante que aprenda a fazer a sua própria pesquisa - principalmente, quando a fonte da informação é uma publicação nas redes sociais rematada com um "acredita, meu!".
Mas, mais que isto tudo, é preciso responsabilizar as entidades, os governos e os meios de comunicação que utilizem a linguagem científica como ferramenta de desinformação.
