Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-Não-Comercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

22 de Maio, 2023

Isto Muda Tudo

Inês R.

"Se calhar, há mais homens a protagonizar, escrever e realizar filmes porque eles são, simplesmente, melhores a fazê-lo. Já pensaste nisso?"

Seria, realmente, uma excelente resposta para o problema, se fosse verdade. Acontece que não é, e há dados concretos para o provar.

O documentário This Changes Everything, de 2018, (disponível na Netflix) tem as estatísticas, para quem tiver curiosidade, mas, em geral, contam-se poucas histórias da experiência feminina (ou não masculina), e as mulheres que conseguem bons resultados raramente conseguem transformar esses sucessos em carreiras longas. 

Estamos a falar de cineastas que ganharam prémios - incluíndo Oscar's - e que depois deixaram de conseguir trabalho.

Se a razão não é a qualidade do que fazem, então, só pode ser o seu sexo. Porque não é garantidamente a falta de maneiras ou o temperamento difícil - já dos homens não se pode dizer o mesmo, e ainda assim...

E o problema aqui não é só a falta de oportunidades dadas às mulheres, mas o fato das histórias que todos vemos representadas no grande ecrã serem, essencialmente, as histórias de homens e meninos. É isso que todas as mulheres e meninas assimilam desde que se conhecem: que são essas as narrativas que merecem ser contadas.

Os meninos podem ambicionar ser polícias, presidentes, super-heróis, já as meninas serão sempre as namoradas dedicadas que têm a sorte de ser escolhidas para suas companheiras.

A generalização que aqui faço é, por um lado, um exagero propositado e, por outro, a mais pura das verdades.

A ficção produzida em Hollywood prefaz a grande maioria de todos os filmes e séries vistas em todo o mundo, pelo que não se pode relevar a influência que têm nas nossas vidas, principalmente, durante os nossos anos formativos.

Tudo isto me faz pensar numa situação que aconteceu numa aula prática de Psicossociologia, há coisa de vinte anos atrás, em que nos foi pedido que mostrassemos como lidariamos com um superior zangado e várias raparigas utilizaram pronomes masculinos durante a pequena encenação.

Terá sido apenas porque temos tendência a "seguir a manada," exarcebada pela ansiedade de estar debaixo de tantos olhares, ou porque, nas mentes daquelas miúdas de dezoito anos, fazia mais sentido que aquele cenário se passasse entre dois homens?

Seja como for, a verdade é que todas as vitórias no mundo do entretenimento que as mulheres têm vindo a conseguir, ao longo da história, nunca parecem levar a uma mudança significativa. Continuamos a ter de provar o nosso valor em tudo o que fazemos porque isto (seja que "isto" for) muda muito pouco ou nada.

This Changes Everything - trailer 

7 comentários

Comentar post