E o Arguido Grunhiu
Ah, a Idade Média. Esse looooongo período da nossa história que preferíamos esquecer. Havia sérios problemas de pulgas, não se apanhava wifi em lado, absolutamente, nenhum e animais eram levados a tribunal e julgados como criminosos.
Por aquelas alturas, os animais domésticos andavam livremente pelas casas, pelo que, não será de espantar que acontecessem acidentes graves, ou mesmo fatais, com os de maior porte. Era assim, por exemplo, que um porco podia acabar “sentado” no banco dos réus pelo crime de se ter tombado para cima de alguém (talvez com um quinto do seu tamanho…). Já nos julgamentos coletivos de ratazanas, deduzo que fosse mais difícil conseguir notificá-las a todas para comparecer em tribunal, mas não para conseguir o veredicto de culpadas.
Faz sentido, portanto, que as mesmas cabeças que imaginavam intenção assassina nas ações de um cavalo, acreditassem que as doenças eram castigo divino e que a morte de um bebé - criatura inocente que ainda não teve oportunidade de pecar - só podia ser punição pelos pecados de outrem - provavelmente, os do marido da prima em segundo grau que era ladrão de galinhas.
Ainda assim, é compreensível que, tendo em conta tudo o que desconheciam, fossem estas as soluções encontradas para responder aos problemas que afetavam a sociedade da altura.
Mas, e, hoje em dia, qual é a nossa desculpa?
Imagem: Trial of a Sow and Pigs at Lavegny by Unknown author - The book of days: a miscellany of popular antiquities, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=19141170