Cluedo Emocional - a Versão de Bolso
Vi a última temporada de Sex Education e dei por mim a chorar como uma criança de três anos proibida de ver o filme da Barbie; pior, como um homem adulto que foi obrigado pela parceira a ver o filme da Barbie.
E se é verdade que, sendo a temporada final da série, os episódios trouxeram muita emoção para o ecrã, também o é que eu não sou pessoa de choro fácil. Acontece que estava naquela altura do mês: em que o dinheiro começa a escassear na conta e, coincidentemente, estava com o período. Ou talvez tenha sido influência da aproximação do Outono e da depressão sazonal que a acompanha...
Seja como for, apenas experienciei uma emoção humana, perfeitamente normal. Então, porque é que senti necessidade de a justificar como se estivesse sentada no banco dos réus com o juiz prestes a declarar prisão perpétua?
A vulnerabilidade não é uma falha de carácter e mostrar emoção não nos torna, necessariamente, fracos aos olhos dos outros. Com as devidas exceções (porque o choro fácil pode ser um sinal de depressão clínica), chorar é apenas mais uma das inúmeras funções que vêm com o nosso corpo de fábrica - nem é preciso pagar mais por este extra! - e que nos permite, entre outras coisas, sentir a felicidade ou tristeza de personagens que nos recordam da nossa própria humanidade.
Portanto, não, não foi o Outono na sala de estar da Netflix com a menstruação de canos serrados. Até porque não há crime nenhum para desvendar.