Cabelo Higroscópico Aluga-se
"Em menos de uma hora, e a um preço jeitosinho, eu e o meu cabelo dirigimo-nos a sua casa e absorvemos toda a humidade do ar - e, provavelmente, dos vasos de plantas que existam na residência, também."
Um exagero para propósitos de comédia? Se conhecessem o emaranhado de silica-gel que tenho na cabeça talvez achassem que não.
Bastam uns dias de nevoeiro ou de chuva molha-tolos para que se crie uma auréola de pelos adolescentes - leia-se daqueles rebeldes e sem rumo - em toda a superfície capilar da minha pessoa, que nem com um rabo-de-cavalo tem solução.
E se, porventura, tenho o azar de se combinar chuva com vento, dou por mim quase convencida a fazer uma rapada. Diz que dá com tudo e sempre poupava no shampô.
Mas logo o tempo muda e, qual teenager a quem a mãe, finalmente, alargou a hora de chegar a casa, os fios acalmam-se, param de bater com a porta do quarto, e deixam-se pentear.
E eu esqueço toda esta novela, até os senhores do tempo voltarem a anunciar mais uns dias de outono, e depois... depois, olha, que se lixe, diz que os penteados anos 80 estão in outra vez.