Bridgerton: Amor e Uma Contusão
Suspensão de descrença.
Sim, soa melhor em Americano, mas não é mais que fechar os olhos aos pormenores menos plausíveis que acontecem nos nossos filmes preferidos de forma a não arruinar a experiência à malta.
Eu sou a primeira a admitir que vejo e leio romances, não pelo seu rigor científico, mas porque são formas maravilhosas de escapar às duras realidades da vida – e porque sei que o final feliz é garantido.
Contudo, todavia, porém, há inconsistências das quais nem umas cenas de nudez estrategicamente filmadas nos conseguem distrair, e a nova temporada da série da Netflix, Bridgerton, tem uma que me saltou à vista mais que os traseiros dos protagonistas.
A cena é suposto fazer-nos respirar de alívio; depois de uma aparatosa queda de cavalo, debaixo de uma chuva intensa e enquanto fugia dramaticamente do seu amado, Kate perde os sentidos, permanecendo desacordada durante uma semana.
Quando, finalmente, acorda, perfeitamente penteada e maquilhada – é ficção, malta – não pede por um copo de água ou por algo que comer, mas antes pergunta se o seu mais-que-tudo a foi visitar. No momento seguinte, anuncia que precisa descansar da semana interirinha que passou deitada. Nem sequer pediu para usar o penico…
E eu até posso imaginar que algum familiar tenha tido discernimento o suficiente para forçar alguma água pela boca abaixo da paciente, mas não havia maneira de alimentar uma mulher adulta inconsciente no seu quarto de cama, em pleno século XIX, certo?
E a moça acorda, pede desculpa pelo incómodo que causou – não é tão lady like? – e não pergunta, ao menos, se se arranja um papo-seco com manteiga? Desculpem, mas não me acredito.
Apesar disto tudo, gostei da série, achei fofa.
Já aquelas versões clássicas de canções pop que eles decidiram usar como banda sonora davam outro texto…