Ao cuidado do Sr. SPAM
Há dias tive de explicar aos meus pais que o SPAM não era um único indivíduo que, qual Pai Natal da dark web, conseguia visitar milhares de telemóveis num só dia. Ainda assim, foi bom perceber que eles - fazendo parte da geração que ainda receia tudo o que é tecnologia - têm um tal pânico de interagir com telefonemas, mensagens, ou alertas que não reconhecem que dificilmente cairão num qualquer esquema de phishing.
Mas tal não é verdade para muitas pessoas. Entre o esquema das mensagens "olá pai/olá mãe," telefonemas em que uma voz robótica nos confirma a receção do nosso currículo, e sms's a pedir a confirmação dos nossos dados (seja para receber encomendas, poder continuar a utilizar o nosso cartão de débito bancário, ou liquidar uma coima do Serviço de Finanças), é, perfeitamente, compreensível como é que os Portugueses perdem milhões de euros, todos os anos, para este tipo de fraude.
Principalmente, se estivermos a falar de um idoso que não tenha quem o ajude a identificar contatos maliciosos ou que nem sequer perceba estar perante uma situação em que o deva fazer.
E com a crescente tendência para a digitalização de todos os processos e serviços, parece-me que será inevitável que estes casos continuem a acontecer em grandes números. A solução passará sempre por tentar alertar e educar o maior número de pessoas possível; nem que seja apenas os nossos familiares e amigos.
Tudo isto me faz pensar que seria, efetivamente, mais conveniente que SPAM fosse a alcunha de um gajo qualquer que pudesse ser apanhado em flagrante pela polícia judiciária a mandar whatsaapps da cave de casa dos pais, e que, enfim, pudessemos todos deixar de ter uma apoplexia de cada vez que recebemos uma chamada de um número desconhecido.
