A Tradição Já Não é o Que Era
O que antes era tradição pode não ser, necessariamente, tradicional agora. E ainda bem.
Longe vão os tempos - muito reais - em que assistir a uma execução pública era um evento em que participava toda a comunidade, uma espécie de passatempo. Fazia-se na certeza de que iria dissuadir outros de cometer o mesmo crime, o que raramente acontecia.
E se hoje em dia chamamos de medievais a este tipo de comportamentos, porque insistimos em manter tantos outros que são, igualmente, desadequados?
Acredito que vários exemplos vos tenham surgido na mente, mas o que inspirou este texto foi a "vacada" a que assisti este fim de semana, sem que o tivesse planeado.
Desta feita, não houve feridos nem a vaca se magoou - a intenção era apenas ser uma brincadeira e foi o que sucedeu. Acontece que as vacadas não existem num vácuo; existem, sim, numa sociedade que faz e assiste a touradas onde os touros são, repetidamente, espetados com varas metálicas.
Percebo que para quem cresceu neste mundo seja difícil aceitar as críticas a este tipo de touradas, mas, objetivamente, a realidade é esta: estes animais são feridos, em público, em nome do espetáculo. E, não, pelo que li, o argumento de que não sentem dor não está suficientemente sustentado.
Atenção, que o propósito aqui não é dar nenhuma lição de moral, mas apenas partilhar o raciocínio que me fez chegar a esta conclusão.
É extremamente difícil mudar opiniões (principalmente as emocionais) com fatos, no entanto, faz parte do nosso crescimento enquanto pessoas questionar o que achamos saber, conforme vamos adquirindo novos conhecimentos, portanto, aqui fica mais uma tentativa de despoletar essa vontade.