A tarada
Todos os meses é a mesma coisa. Uns dias depois do período, quando elas estão mais sensíveis e, consequentemente, mais vulneráveis, eu chego, como quem não quer a coisa, e apalpo-as. Assim, sem um “olá, como é que vão,” sem jantar e um filme para quebrar o gelo; nada.
Um simples ato físico, sem apego emocional, mas que tem a sua arte.
Sim, porque eu não me limito a apertar as minhas próprias mamas como um adolescente desesperado a dois segundos de se vir. Não, eu massajo-as delicadamente com os dedos indicador e mediano em círculos concêntricos e sempre traçando caminho em direção ao cálice sagrado: o mamilo; esse bullseye do corpo feminino que tantos poemas amadores inspira.
Tudo isto, é claro, com o bracinho oposto colocado por detrás da cabeça para não perder pitada da ação e ainda satisfazer a minha pancada por axilas – sim, eu vou lá c’os dedos, também.
Mas se toda esta rotina acontece no resguardo do meu quarto, já o espetáculo final tem outra produção. Para terminar as festividades, eu coloco-me em frente ao espelho da casa-de-banho, nuinha da silva, e, simplesmente, observo – enquanto levanto e baixo os braços, qual cisne do lavabo encantado – a curvatura das mamas que o meu pai me deu (ainda estou para perdoar essa à minha mãe).
Agora só espero é que haja por aí mais taradas como eu. Quem se assume?