A Bela Acordada e as Sete Benzos
Era uma vez uma princesa que não conseguia pregar olho; não havia chá ou aplicação móvel que lhe valessem e, em todo o reino, não se encontrava uma única bruxa que comercializasse umas maçanzitas enfeitiçadas.
Completamente desesperada, a princesa decidiu desviar um calmante dos que a rainha toma quando o rei passa muito tempo no castelo, e não é que lá conseguiu dormir toda a noite.
Um feitiço de pouca dura; pois, agora, os comprimidos parecem fazer tanto efeito como um copo de água, mas, ainda assim, a princesa não passa sem o seu chuto diário.
O mago real lá vai prescrevendo uma dosagem mais alta sempre que pode, mas sabe perfeitamente que está apenas a alimentar um vício e que só um mago da mente a pode ajudar.
E enquanto a princesa espera por uma consulta de especialidade no Serviço Real de Saúde, lá vai tentando recriar aquela doce primeira noite de sono que os calmantes da mãe lhe proporcionaram e que os seus nunca conseguiram reproduzir.
Felizmente, não há príncipes a rondar a costa, já que a última coisa que ela precisa é de um beijo de um estranho com propriedades análogas à da cafeína.
Mas, se tudo correr bem, com a terapia certa e muita força de vontade, a princesa (tal como a maioria das pessoas) lá conseguirá viver moderadamente feliz para sempre.
Imagem: "The Sleeping Beauty" by Jenny Nyström - https://owl.museum-digital.de/singleimage.php?imagenr=8420, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=67593127