Não faz bem nem mal*
Ao contrário do (que se pensa do) Melhoral, os produtos homeopáticos podem, sim, fazer mal; porque podem ter substâncias ativas com potenciais efeitos nocivos ou interações medicamentosas, porque atrasam tratamentos, de fato, eficazes, e porque implicam custos desnecessários para os utentes.
Mas alguns podem encontrar-se nas farmácias nacionais, e a presença da homeopatia na farmácia legitimiza-a. Até porque, para tal, têm de ter o aval do Infamed.
Um "produto de farmácia" merece, imediatamente, a confiança de quem o utiliza; uma confiança que "apanha" por entre as prateleiras separadas por secções e as batas brancas. De tal forma que já ouvi alguém oferecer uma vela perfumada com a devida adenda de que tinha sido comprada em farmácia.
E contra fatos não há argumentos: tal como na alimentação, a procura por produtos e tratamentos naturais, sem "químicos," tem vindo a crescer nas últimas décadas (em paralelo com a desacreditação da ciência, infelizmente) e, a esta altura do campeonato, apenas nos resta esperar que as novas gerações ajudem a mudar a narrativa. Porque só porque é natural, não significa que não faça mal.
No entanto, se não há provas de que um produto homeopático tenha mais efeito do que um simples placebo (substância neutra que produz resultados positivos pela crença do utilizador no seu efeito), também é verdade que a positividade do paciente durante o tratamento ajuda na sua recuperação. Pelo que, se assim for a sua vontade, poderá ser benéfico para o estado emocional do doente o uso destas terapias complementares em concomitância com os tratamentos convencionais, desde que informe o seu médico assistente de que o pretende fazer.
A própria Organização Mundial de Saúde reconhece as "medicinas alternativas" como amplamente utilizadas nos seus estados membros mas, por entre as recomendações de segurança e o politicamente correto, parece apoiar a sua utilização e são precisas várias pesquisas na sua página oficial para encontrar textos que admitam a verdade da situação: a maioria não é devidamente regulamentada e se a homeopatia, em particular, poderá considerar-se segura pela utilização de substâncias tão diluidas que passam a inexistentes (leia-se sem qualquer efeito, daí que "seguras"), este não é o caso com todos os produtos homeopáticos comercializados.
Será talvez uma nota positiva que, a haver comercialização desdes "medicamentos," esta seja feita num espaço onde se encontrem profissionais de saúde, que poderão fazer algum aconselhamento no ato da dispensa. Já se todos partilharão da minha opinião sobre estes produtos, isso já são outros quinhentos.
Fontes:
Portugueses recorrem cada vez mais à homeopatia - Jornal i online (ligação)
Homeopatia - Manual MDS (ligação)
Frente-a-Frente da homeopatia. Verdade comprovada ou uma enorme mentira? - Jornal i online (ligação)
Ciência diluída - artigo de opinião em Público online (ligação)
