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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

31 de Março, 2025

O Micro-ondas Enquanto Armário e Outros Desenrascanços

Inês R.

Um micro-ondas passa muitas horas na sua própria companhia. Depois da hora de ponta da manhã, só volta a ser incomodado - se for - pela altura do jantar.

Ora, durante as restantes 23 horas do dia, este pequeno eletrodoméstico faz pouco mais que ocupar espaço na bancada da cozinha. Certo?

Bem, não na minha casa. 

Por aqui, qual tupperware extra-caro, o micro-ondas serve para guardar um bolo que esteja por acabar, um redon que não precise de refrigeração, ou qualquer outro alimento que queiramos proteger dos elementos (ou das moscas) e que não caiba noutro sítio. (E, convenhamos, que queiramos ter à mão para ir comendo.)

As caixas de gelado são também reapropriadas como tupperwares improvisados, mas, curiosamente, não temos uma lata daquelas bolachas de manteiga a servir de caixa de costura, porque temos uma verdadeira caixa de costura da Tupperware, comprada nos anos 80, ainda em muito boas condições - e que, quiçá, valerá uma fortuna daqui a uns anos, agora que a marca deu o berro.

As metades de cebola que sobram são guardadas no frigorífico numa caixa vazia de Cola-Cao, os parafusos e pregos "a vulso" são guardados (mais ou menos) por tamanhos em frascos de vidro com tampa que antes albergaram compotas ou pickles, e as caixas de sapatos guardam, geralmente, tudo - de fotografias a carregadores de telemóvel com 20 anos - menos sapatos.

Acredito que tenham desenrrascanços mais originais que os meus (e estejam à vontade para os partilhar), até porque é da natureza humana guardar caixas vazias, na certeza (frequentemente, mal informada) de que nos vão servir no futuro.

24 de Março, 2025

Morte de um Chapéu de Chuva

Inês R.

Chapéu de chuva, aparentemente robusto, é eviscerado em plena rua.

O vento responsável já não tinha nome próprio, mas conseguiu, em segundos, provocar entre 10 a 20 euros de prejuízo e exasperar uma mulher adulta a caminho do supermercado.

"Senti aquele suspiro e revirar de olhos como se fossem meus o chapéu, a frustração, e os óculos graduados à mercê da chuva," poetizou um dos transeuntes que testemunhou o sucedido.

Passavam alguns minutos das onze da amanhã quando, sem que nada o fizesse prever, uma rajada mais forte virou as varetas metálicas do guarda-chuva e com elas o plástico transparente que resguardava a sua proprietária da intempérie. Se em muitos casos é possível restabelecer todas as partes às suas posições iniciais, aqui ficou claro, de imediato, que não existia engenheiro capaz de o conseguir e a morte foi pronunciada no local.

Mas, fosse pelo choque ou pela afeição que tinha pelo falecido, a mulher nunca soltou o cabo do chapéu e prosseguiu com ele pela mão até ao caixote do lixo que seria a sua última morada.

O minuto que demorou a seguir com o enterro levou a que várias pessoas se emocionassem com a cena e que tantas outras a considerassem uma simples questão logística: "Experimentem vocês levantar a tampa molhada de um contentor de rua enquanto levam com um dilúvio pela cara fora."

Curiosamente, foi reportado mais tarde que, à saída da superfície comercial, não trazia consigo um novo chapéu. Fontes próximas da vítima alegam que a razão estaria na app do Tempo que a mulher consultava religiosamente desde a sua instalação, no ano anterior.

A nossa redação deixa os mais sentidos pêsames a todos os afetados pela perda de um chapéu de chuva e votos de que não precisem de o substituir tão cedo.

17 de Março, 2025

Orienta aí uns MEOS, Chefe!

Inês R.

Não, a MEO não patrocinou este texto e também não estou a dar uma de influencer; venho apenas partilhar uma descoberta que fiz depois de receber o email com a dolorosa deste mês.

Pois que é habitual a empresa informar os seus clientes dos MEOS (pontos que se adquirem ao comprar os produtos ou serviços da marca) que têm na conta e dos que estão a caducar em breve, ao mesmo tempo que sugere todos os descontos a que se pode ter acesso através deste mesmo programa.

Pessoalmente, nunca prestei muita atenção aos MEOS - até porque também nunca gastei mais de 150 euros num telemóvel - mas percebo que haja quem tire proveito destas vantagens - que incluem acesso limitado a canais premium ou filmes on demand.

Acontece que, desta vez, reparei na secção de "Intervenção Social," onde são apresentadas umas quantas instituições às quais podemos fazer donativos em dinheiro através dos ditos MEOS (sem custos adicionais), e a decisão tomou-se ali mesmo.

Não será um programa perfeito (e acredito que haja quem me esteja a ler com uma ou duas histórias para contar), mas se as minhas opções são não utilizar os pontos ou doá-los para, de alguma forma, ajudar quem precisa, então, acho que não restam dúvidas sobre para onde pende a minha escolha.

 

*as opiniões apresentadas são a minha interpretação do serviço mencionado e não o pretendem denegrir nem advogar

10 de Março, 2025

Porque inventa uma mulher um namorado?

Inês R.

Ouvi há tempos dizer que será porque é mais fácil um estranho respeitar um namorado inventado que um "não" de uma mulher.

Uma mulher abordada por um homem que não saiba aceitar uma rejeição recorre, frequentemente, à estratégia de se dizer comprometida para tentar afastar os avanços do fulano e, ainda assim, tem a sua tentativa frustrada, mais vezes do que gostaria.

Porque, não, não se está a "fazer de díficil" ou a testar o interesse do "pobre" rapaz. Nove vezes em dez, apenas não se sente atraída pelo indivíduo ou, pior, está, genuinamente, desconfortável com a sua presença e o medo de que a situação possa escalar não pode nem deve ser ignorado.

"Mas é preciso ser malcriada?" 

Em primeiro lugar, um "não" por si só não é falta de educação e depois qualquer mulher pode confirmar que um sorriso educado é, bastas vezes, mal interpretado, também. 

"Se não estava interessada, então, porque é que me estava a sorrir?"

Nunca conseguimos ganhar. Mas não é o nosso comportamento que tem de mudar.

Normalize-se aceitar uma rejeição sem que isso signifique uma ofensa pessoal que precisa de ser vingada. Nem todas as pessoas por quem nos sentimos atraídos vão reciprocar o sentimento e está tudo bem. O que não é aceitável são todos os atos de cavaleiro da Idade Média acusado de desonra a que assistimos diariamente e que, vira e mexe, acabam nas primeiras páginas dos jornais.

03 de Março, 2025

Sugestões para Disfarces de Carnaval - Edição 2025

Inês R.

Se acabou de descobrir que tem uma festa de Carnaval daqui a umas horas, se sabia que precisava de uma máscara e deixou para a última, ou se apenas não faz a mais pálida ideia do que vai vestir, então, este texto é para si.

Abaixo encontra um sortido de disfarces para adulto que pode orientar em pouco tempo e sem grande investimento. Assim, sem nenhuma ordem em particular, sugiro:

"Jogador De Futebol Meses Depois Do Seu Primeiro Contrato Profissional" - precisa de um lápis preto para desenhar a barbicha, uns brilhantes de colar para fazer de brincos, umas calças de fato de treino, uma t-shirt branca onde escrever "Guess," uma pochete para atravesar ao peito e umas sapatilhas.

Sugestão de apresentação: uma das meias (brancas) deve ser colocada por cima das calças.

"Múmia De Interior" - precisa de vários rolos de papel higiénico (daí a limitação a espaços fechados) e uma segunda pessoa para os aplicar pelo corpo. 

Sugestão de apresentação: vista pouca roupa por baixo e não deixe que apertem muito o papel, para evitar desmaios na discoteca.

"Animal Sexy" - precisa do seu outfit de saír à noite, de uma bandolete com as orelhas ou antenas da sua preferência e um lápis preto para desenhar uns bigodes e um nariz fofinhos.

Sugestão de apresentação: prefira roupa preta para destacar a máscara (ou para, facilmente, se tranformar numa roupa "normal" se conhecer alguém interessante na festa).

"Fantasma" - precisa de um lençol branco e de uma tesoura para cortar dois buracos para os olhos. Mais nada. Nem precisa de se pentear.

Sugestão de apresentação: corte o lençol pela cintura e transforme o disfarce em Fantasma Sexy. É um pormenor sempre bem recebido.

Se tudo isto falhar, saia à rua como está: vestida(o) de palhaça(o).

Não quero ofender ninguém, mas, enquanto o 1%, os gazilionários, a malta que manda nisto tudo, enfim, os indivíduos que têm nas mãos o poder para acabar com a fome no mundo, mas preferem incitar mais umas guerrazitas por aqui e ali, continuarem no poder, vamos permanecer todos de nariz vermelho a esguichar água da nossa flor de plástico para tentar apagar este incêndio de grandes proporções a que chamamos o mundo atual.

Mas, lembrem-se, sem palhaços não há circo e todos juntos armamos a tenda. Bom carnaval!