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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

30 de Setembro, 2024

No Meu Tempo

Inês R.

Uma mãe em 2064:

"Quando eu era miúda, uma série estreava num canal de streaming e nós tinhamos de esperar para chegar a casa nesse dia e lutar contra o sono para tentar ver, ao menos, metade dos episódios. Não havia cá conteúdos direct-to-mind, meu menino."

Picardias entre gerações sempre existiram e irão continuar a existir. No século XIX, a moda de ler romances era considerada problemática para as jovens moças, quando agora temos pais que davam um rim para que os filhos pegassem num livro. E quem nunca começou uma frase ou duas por "no meu tempo" que atire a primeira pedra.

Eu sou culpada de uns quantos "ainda sou do tempo de aguentar uma semana por um novo episódio" e dois ou três "gravávamos as canções da rádio em cassetes a rezar para que o locutor não falasse" e cresci a ouvir que "se tinha de esperar que a emissão da RTP abrisse para ver tudo a preto e branco" ou que "as bandas de covers mal sabiam falar inglês e eram 100 vezes melhores que as de agora".

Numa espécie de relação amor-ódio, imaginamos a nossa juventude como muito mais "autêntica" que a dos nossos pais, mas tão mais sacrificada que a dos nossos filhos e daí não vem mal nenhum ao mundo. Exceto, claro,  quando serve de justificação para discursos preconceituosos e retrógrados. 

Mas, na verdade, tendo em conta que estas palavras não foram escritas por IA, mas por uma pessoa de carne e osso, diria que este tempo ainda é o meu.

23 de Setembro, 2024

Vá Para Fora Cá Dentro

Inês R.

Destino paradisíaco para escapadinha de Outono, mais perto do que imagina, e para todas as carteiras!

Sem aeroportos nem check-in's, sem dicionários de bolso ou taxas de câmbio, sem "locais de visita obrigatória não incluídos no pacote de viagem," sem cuidados com a àgua da torneira e com a fruta e vegetais não cozinhados, sem "mais os custos do combustível e portagens," e sem, sequer, a necessidade de fazer a mala.

Estou, obviamente, a falar do seu próprio quarto. 

Uns lençóis de flanela, um chá com torradas e uma história, no formato que mais apreciar, para onde "viajar" como e quando quiser.

Porque o Paraíso nem sempre é à luz do painel do carro; às vezes, é à luz do candeeiro da mesinha de cabeceira.

*segue um cá-mais-cinco para quem perceber a referência na linha de cima ;-)

16 de Setembro, 2024

Navidades Políticas

Inês R.

Se fosse eu que mandasse, pensaria em grande! Garantia cuidados de saúde para todos, acabava com a criminalidade e dava aos meus cidadãos segurança financeira, com belos empregos e suficientes abonos. Teria calçadas branquinhas como a cal, e os terrenos bem cultivados, de Montalegre a Almancil, mas se há coisa da qual nem me lembrava era de mudar de data o Natal.

Já por terras de "Santo" Maduro, os festejos de Navidad, as luzinhas e as prendas, foram todos antecipados, na esperança de que o povo esqueça aquela realidade surreal, marque passo como gado e aceite o Natal em Outubro, qual terça feira de Carnaval.

Quando dizia o Ary: o Natal é quando um homem quiser! Não era bem o que tinha em mente, o que queria debater. Antes positar que o impossível é raro, se nos dedicarmos a valer. Mas serve também para justificar devarios de ditadores dos que "querem," e, meu deus, se aquele homem quer.

Aos diretores de marketing eu digo "aprendam com quem sabe meninos!," que, enquanto o mundo abana a cabeça em regozijo, os vilões continuam o seu caminho até ao terceiro ato deste filme de terror disfarçado de comédia de costumes, servida com uma taça de vinho.

09 de Setembro, 2024

Como Saber Se Está Na Altura De Terminar A Sua Relação

Inês R.

Está cada vez mais difícil encontrar alguém que queira o mesmo que nós de uma relação. Há quem procure algo casual mas fixo (hã?), quem ofereça um pendente com o seu sangue no segundo encontro, quem esteja "só a divertir-se ;-)" e quem queira assentar e ter filhos no preciso momento em que vocês estão a entrar numa fase de experimentação.

É, por isso, perfeitamente compreensível que, quando aparece uma pessoa que esteja na vossa frequência, se agarrem a ela (salvo seja) com unhas e dentes - mesmo que seja em AM.

Seguem os sinais mais frequentes a que devem prestar atenção num relacionamento condenado:

- Se der por si a co-habitar com uma pessoa de quem não tem a certeza saber o sobrenome;

- Se só ainda não terminou a relação por dificuldade em marcar uma data que dê jeito aos dois;

- Se os seus amigos lhe perguntam, constantemente, se "isso ainda dura?";

- Se os "já não te posso aturar!" são mais frequentes que os "hã?!" em qualquer conversa;

- Se só não dorme com outras pessoas por causa daquele "numa relação" que tem no perfil das redes sociais;

- Se está a ler este texto. Ou o encontrou no histórico de pesquisa do seu parceiro ou parceira.

Feliz fim de relação! :-)

02 de Setembro, 2024

O Verbo de Schrödinger

Inês R.

"Imprimida."

Foi, exatamente, o que eu disse. Nem mais sujeito, adjetivo, ou verbo auxiliar. E esta simples palavra despoletou, de imediato, um coro de "impressa, queres tu dizer!".

Tendo em conta que não tinha imprimido a folha que tinha na mão, porque a mesma foi impressa por uma colega de trabalho, nenhuma das vozes que se alevantou teve razão.

Chamemos ao meu "imprimida" um verbo de Schrödinger; até eu lhe associar um verbo auxiliar, a conjugação está, simutaneamente, correta e errada.

Depois de umas quantas "explicações" minhas sobre verbos com particípios passados regulares e irregulares, lá alguém recitou a definição que encontrou na Infopédia online:

"imprimir é um verbo com dois particípios passados: um regular - imprimido - e outro irregular - impresso.
O particípio regular é utilizado nos tempos compostos com os verbos auxiliares ter e haver:
       – Ele tinha imprimido a folha.
O particípio irregular é usado com os verbos auxiliares ser e estar:
       – A folha foi impressa."

Quer-me parecer que a cisma foi, temporariamente, morta, mas não me parece que tenha matado a vontade da malta de continuar a usar a forma irregular em todas as situações.

O que é que se há de fazer...?