Inês R.
Poucas coisas nesta vida duram para sempre. Entre elas contam-se os
químicos eternos, aquele vestido preto que nos custou os olhos da cara mas é um clássico, e os nudes que circulam pela Internet.
Porque uma vez na Internet, para sempre na Internet.
Mas com uma geração inteira de garotos, de hormonas aos pulos, a ser criada no mundo digital, não podemos esperar que a sua sexualidade não faça parte da equação.
Certo, os miúdos enviam fotografias íntimas uns para os outros com a casualidade com que eu trocava folhinhas com as minhas amigas em criança - sendo que uma folha grande valia sempre, pelo menos, 3 das mais pequenas.*
Mas os graúdos também têm muito a aprender - as histórias de revenge porn e bullying, que se tornaram tão frequentes, são assustadoras. Por isso mesmo, não vale a pena proibir, há, sim, que educar.
Seguem umas dicas que, ironicamente, também se podem encontrar pela Internet.
- Nunca, mas nunca, partilhes uma fotografia íntima onde se veja o teu rosto (ou outra característica reconhecível do teu corpo ou casa). É uma simples questão de segurança. Um rabo ou umas mamas podem ser de qualquer pessoa. Agora, aquela tatuagem de um tigre de sapatilhas e com um dente de ouro só pode mesmo ser do Zé. Ó Zé, 'tão?!
- As fotografias ou mensagens íntimas que partilham contigo não são para partilhar com mais ninguém. Não importa se a relação acabou, ou mesmo se acabou mal. Há um acordo tácito entre duas pessoas que partilham conteúdo desta natureza, de que o destinatário final é apenas, e só, a pessoa a quem foi enviado. E não, não é preciso um papel assinado e com selo branco.
- Nunca te sintas na obrigação de enviar conteúdo íntimo a ninguém. Tal como em qualquer outra situação de cariz sexual, quando um não quer, dois não dançam. É por isso que este tipo de conversa deve acontecer apenas entre pessoas que se conheçam e que tenham algum grau de confiança entre si.
- Garante sempre a segurança do material íntimo que tens no teu telemóvel. Começando por bloquear o aparelho com palavra-pass e acionar a autenticação de dois fatores nas aplicações ou sites escolhidos para a interação, e terminando por apagar as fotografias após a sua "utilização". Já se o fotógrafo estiver muito apegado à sua arte, que a guarde em pastas ocultas.
- Por fim, recomendo uma boa dose de bom senso, porque, se parecer estranho, geralmente, é, e como há por aí malta muito pouco bem intencionada, um bocadinho de precaução no mundo digital só nos faz bem.
*Para quem não faz ideia do que eu estou a falar, eram folhas de papel de carta ou blocos de folhas com impressões coloridas e perfumadas que as meninas do meu tempo coleccionavam e trocavam entre si. Eu tive um bloco da Mafalda que me valia ouro nas transações.