Inês R.
"Votar para quê? É cada um pior que o outro," dizem, pelo menos, um ou dois dos nossos conhecidos - senão dissermos nós, após mais algum escandalo, especialmente, nebuloso.
Mas se o desânimo é compreensível, não é aceitável.
É preciso aparecer, é preciso execer o direito de voto, porque, sim, é um direito, arduamente alcançado, ainda que apenas reconhecido quando falta (mais ou menos como a lida da casa).
Apesar de valer de muito pouco, para além do registo estatístico, - avaliação do Polígrafo, AQUI - o voto em branco sempre diz alguma coisa; o cidadão até queria escolher um governante, mas reserva-se o direito de não se decidir por nenhum. Assim como os júries de concursos literários armados aos cágados.
Já não aparecer, de todo, só garante que deixemos as nossas vidas nas mãos de terceiros. O tipo de confiança cega que só existe nos contos de fadas e na Mafia Italiana, pelo que, a que não é fictícia é muito pouco saudável.
E ficar à espera do partido encantado, que nos encha as medidas em todas as áreas, - dos ombros à saúde pública - também não é a solução - qualquer moça em idade casadoira vos pode garantir. Há, sim, que colocar todas as nossas exigências políticas na balança das prioridades e ver para onde pendem os pratos.
Eleitor informado é eleitor, pelos menos, satisfeito na certeza de que fez o melhor que podia, com as ferramentas que tinha.
E é certo que alguns dos debates televisivos não são para os fracos de coração, e outros tendem a competir com comprimidos de Valeriana, mas os programas eleitorais de cada partido estão disponíveis online e há toda uma Internet de informação a ser explorada (com responsabilidade, claro).
Por isso, haverão poucas razões, legítimas, para que um adulto, com acesso a uma rede de wi-fi ou a um pacote maneirinho de dados, não vá votar nas eleições do próximo dia 10 de março. Não estará, com certeza, tempo de praia* e o futuro do país é capaz de ser um niquinho mais importante que o habitual passeio de domingo.
*quer dizer, talvez esteja - com estas alterações todas - mas façam-me o favor de fingir que não, sim?