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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

27 de Novembro, 2023

Reflexões Numa Poesia 3 x 4

Inês R.

Minha vida é

Um ensaio geral

Para um espetáculo 

Sem data marcada

 

My life is

A dress rehearsal

For a show

Not yet scheduled

 

Na altura que as escrevi, estas palavras foram sinceramente sentidas. Julgava eu que o jogo da vida apenas começaria quando todas as peças estivessem nos respetivos lugares do tabuleiro; que, até lá, os meus dias eram de treino e eu pretendia usufruir de todos eles antes da final.

Mas como besourava o John Lennon: a vida é o que acontece enquanto estás ocupado a fazer outros planos.

Há, por isso, que ir àquele concerto - mesmo sozinho - ou escrever aquela história, mudar de emprego ou declarar aqueles sentimentos; há que apreciar as pequeninas coisas e lutar pelas grandes e há que fazê-lo agora.

Porque podemos, mas, principalmente, porque "de um momento para o outro, não somos nada" e é, genuínamente, melhor o arrependimento de ter falhado que o de nunca ter tentado.

 

20 de Novembro, 2023

(Não Só) Pra Consumo Próprio

Inês R.

Psst! Chega aí. Escuta, tenho aqui uma cena memo boa pra ti.

Assim que fazes isto sentes-te no Nirvana. É garantido. E bate logo! O efeito é imediato, mas, ao mesmo tempo, dura meses, tás a ver? Diz lá se conheces outra cena igual? Népia!

'Tão, é isto: a menos que aches que não tás bem de saúde, vais até um local de recolha de sangue e respondes às perguntas dos senhores - mas sem tretas! - e, se eles acharem que tás fino, dás ali quase meia litrosa de sangue pra quem precisar e ainda levas uma bucha no bucho. Queres melhor?

Passas a super-herói da malta que precisou dos teus glóbulos vermelhos, plasma ou plaquetas num momento de aflição e os fulanos ainda te analisam o sangue completamente de graça.

E prontos, é isto. Agora, se não me acreditas, escuta aqui os manos do Instituto Português do Sangue e da Transplantação que sabem bué disto: IPST, IP

 

Nem todos podem ou querem dar sangue, pelas mais diversas razões, mas quem puder, deve fazê-lo. É um procedimento seguro e salva, literalmente, vidas. Um dia pode ser a nossa ou a de um dos nossos. 

13 de Novembro, 2023

A Coisa Que Eu Mais Adorava

Inês R.

Doce

Criatura

 Sóbria

              Esconde

              Tempestade

              Engarrafada

 

"É bom homem, mas quando bebe..."

Os pretextos foram perdendo a força até que deixaram de cambalear com ele pela porta da cozinha. Porque a sua equipa do coração perdeu, porque ganhou; porque o dinheiro estava curto, porque choveu mais algum. Na verdade, porque o vício pedia e ele insistia que largava quando quisesse, só que nunca quis.

Agora, a seco, engole as suas penitências no silêncio de uma casa vazia. Resta-lhe o consolo de ter sido egoísta aquela última vez, quando pediu reforços para a sua grande guerra e voluntários apareceram na linha da frente.

Todos os dias vence uma batalha consigo próprio, em nome do homem bom, há já 12 anos sóbrio.

 

*Uma aldravia e o pequeno texto que dela brotou. Obrigada, amiga Cotovia, pela inspiração

06 de Novembro, 2023

Sobre Cross-Selling no Supermercado, ou Talvez Não

Inês R.

Encontrei preservativos à venda no corredor dos vinhos, o que achei tão criativo como conveniente. Os senhores dos supermercados sabem que não só nos dá uma larica por chocolates, enquanto aguardamos na fila para a caixa, como que ninguém tem tempo de ir à máquina da Control quando vai receber uma "visita" em casa.

E uma boa oportunidade de negócio não é para descartar.

Depois lembrei-me que esta técnica de marketing é conhecida por todas as áreas de negócio e que agora se vendem raspadinhas ao balcão dos CTT; que os reformados podem gastar os poucos tostões que vão levantar depois do dia 8 de cada mês, ali mesmo. Conveniente, não?

E nem falemos da publicidade aos jogos online que agora é permitida - com a devida resalva de que desde que não haja "incitação ao jogo" e os reclames passem na televisão fora de horas - como se o problema maior não fosse mesmo o vício entre adultos e não entre crianças.

Poucos serão os que, neste momento, não consigam nomear, pelo menos, duas ou três dessas "plataformas de jogo," pela simples razão de que somos todos bombardeados, diariamente, por anúncios que prometem dinheiro fácil a ritmos impossíveis.

Só depois do estrago feito se imposeram regras à publicitação de marcas de tabaco - e, sim, as tabaqueiras sabiam do sério efeito aditivo da nicotina, desde cedo - e temo que o mesmo se vá passar com o jogo; que o problema - que já existe - se agrave demasiado e que as soluções pequem por tardias e insuficientes.