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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

28 de Agosto, 2023

Endoutrinação Via Memes

Inês R.

Ninguém se radicaliza de um dia para o outro. Aquele tio, que agora só partilha "estatísticas" da emigração no grupo de Whatsapp da família, não acordou um dia com uma vontade renovada em envolver-se no panorama político nacional; da mesma forma que aquela conhecida, que "amigámos" nas redes sociais há sete anos atrás, não descobriu há quize dias a sua "paixão" pelo estudo da identidade de género.

Não, todas estas "certezas" que todos - porque todos somos culpados disto, em maior ou menor escala - partilhamos, do alto da nossa caixa de sabão, começam como pequenas curiosidades que se vão tranformando em interesses pessoais e, não raras vezes, têm o seu ponto de partida no mundo digital, em particular no Facebook (grupo Meta). 

Também lá tenho uma página, que visito quando o rei faz anos, mas nas minhas recentes "visitas de médico" comecei a dar-me conta que o meu feed está cheio de propaganda de extrema direita disfarçada de memes.

São desde imagens ilustradas - em tom de alegre banda desenhada - onde se aponta o dedo às manias "woke" das novas gerações, até videos do conhecido Ben Shapiro que de tão extremista se ofendeu com a canção Imagine do John Lennon, imagine-se.

E eu, sempre que me apercebo, dou indicação de que não quero voltar a ver publicações daquela página ou daquele género, e o algoritmo diz que regista o meu pedido, mas volta a mostrar-me o mesmo conteúdo, uma e outra vez.

Ora, algumas destas publicações são, como já mencionei, "engraçadas" - nem que seja à primeira vista - pelo que não será de estranhar que alguém menos atento acabe por alimentar o seu próprio feed com conteúdo propositadamente tendencioso.

Não quero com isto proclamar que sou "a maior da minha aldeia" e que são os "outros" que se deixam enganar pelo bicho papão da Internet, mas a verdade é que isto acontece frequentemente e não foi ninguém que me contou, fui eu que vi, com estes dois que o crematório há-de incinerar.

"E o que é que queres que se faça?" Bem, acho que não é novidade para ninguém que a Internet, com todos os seus positivos - que os tem - também acarreta potenciais perigos, portanto, eu diria que o melhor é estar atento e "em caso de dúvida ou persistência dos sintomas" é consultar um familiar ou amigo ou fazer a devida pesquisa (fora das redes sociais).

"Imagine all the people / Livin' life in peace"

21 de Agosto, 2023

Cada Vez Que Respiras

Inês R.

"Cada vez que respiras, a cada passo que dês, (...) eu estarei a observar-te."

Poderia ser um tipico caso de "em Inglês soa melhor" mas, na verdade, a letra da canção Every Breath You Take dos The Police é, há muito, considerada a "stalker song," até porque o próprio Sting disse ter sido desse ponto de vista que a escreveu.

Mas, não, perseguir uma pessoa que não está interessada não é romântico e insistir até obter um "sim" é assédio; por mais que as comédias românticas de Hollywood nos queiram convencer do contrário.

Desde que o casal se beije na última cena e viva "feliz para sempre," todos os comportamentos abusivos - e, às vezes, mesmo criminais - que uma das partes (geralmente, a masculina, sejamos sinceros) teve são esquecidos e até romantizados; mas imaginemos que a contratação daquele investigador privado ou aquela conta falsa de Facebook tinham sido orquestradas por alguém que não despertava os mesmos sentimentos na vítima, digo, protagonista. Aí, estaríamos apenas na presença de um louco com muito tempo nas mãos, certo?

Acontece que estamos a falar de ficção, pelo que esta reciprocidade é, literalmente, inventada pelos criadores das histórias.

Já na vida real, as mulheres e homens vítimas de perseguição sofrem, no mínimo, um grande transtorno mental e, em não tão poucos casos, sequelas físicas ou mesmo a morte.

Desculpem lá se vos estraguei este clássico dos anos 80, mas estou só a constatar um fato, e diz que quem diz a verdade não merece castigo.

14 de Agosto, 2023

Uma Ideia Nasce // 1foto1texto

Inês R.

an idea is born.jpg

A página em branco é a minha maior vilã. Mas a história é sempre a mesma.

Depois de uma eternidade de minutos a rejeitar todas as minhas próprias sugestões, o cursor parece que pisca mais rápido, como que a desdenhar do meu fracasso. A carreira que nunca tive acaba pela enésima vez, enquanto planeio voltar ao ponto-cruz, onde não há enredos para deliniar ou personagens para tornar tri-dimensionais. 

Mas, é, então, que uma ideia surge. 

Talvez, já bem formada, ainda que por trabalhar, ou talvez apenas como um resquício de qualquer coisa que pode vir a ser um texto com princípio, meio e fim.

(Às vezes... espera... Algumas vezes... não, já sei!)

Bastas vezes, aquilo que me tinha proposto escrever quando comecei o "era uma vez" toma duas ou sete direções diferentes e acabo por chegar a um destino inesperado, sim, mas, geralmente, muito mais satisfatório.

E se há quem ache que um bom escritor deve "sangrar para a página" sempre que pega na sua pena, eu prefiro pensar que contar histórias - como tantas coisas na vida - tem momentos menos bons, é certo, e outros que de tão maravilhosos trazem sentido à minha existência.

*A imagem acima é minha. Infelizmente, uma cassete foi danificada no processo. 

08 de Agosto, 2023

Etiqueta para Veraneantes

Inês R.

Ditam as regras da boa educação que se saiba usar um "por favor" e um "obrigado," que se tenha respeito aos mais velhos, que se peça desculpa quando a situação o exige, e que se contacte familiares, amigos e conhecidos sempre que um incêndio ameace a zona onde habitam.

Infelizmente, nos últimos anos, passou a ser uma constante nas nossas vidas; começa a "época dos incêndios" e, assim que as temperaturas sobem, é ver os noticiários nacionais a abrir com reportagens em direto de todos os pontos do país afetados pelo flagelo dos fogos florestais.

E se entendo a necessidade de reportar informações importantes - como alertas de evacuação ou de encerramento de determinadas estradas - devo confessar que me escapa a utilidade de entrevistar indivíduos em pânico que, de balde na mão, tentam salvar os seus pertences das línguas de fogo que se aproximam em fúria.

Mas o que me trouxe aqui não foram os faux pas do jornalismo sensionalista; antes a vontade de partilhar uma sugestão que, por experiência própria, raramente é mal recebida: uma palavra amiga num momento de aflição ajuda sempre.

Não digo que se insista até que nos atendam a chamada - e muito menos que se exijam respostas - mas uma pequena mensagem de apoio mostra que estamos disponíveis para o que for preciso ou simplesmente que compreendemos e simpatizamos com o que estas pessoas estão a passar.

Como não me parece que precise de reforçar os (mais que reiterados) conselhos para um verão sem eventos destes, aqui fica a minha pequena recomendação: que sejamos todos um bocadinho mais humanos.