Inês R.
Eu: "Acho que haver leis que protejam os animais é algo muito positivo."
Eles: "Tristeza, pôr a vida dum cão acima da vida duma pessoa..."
Eu: "Já não era sem tempo que se começasse a aceitar a fluidez de género e a deixar que as pessoas vivam a sua verdade."
Eles: "Agora querem obrigar a gente a usar pronomes inventados e a mudar a língua Portuguesa..."
Eu: "Qualquer tipo de discriminação deve ser combatido."
Eles: "A palavra "gorda" não é uma ofensa, é um adjetivo. E deixem de ser choramingas, principalmente, quando há problemas graves a acontecer no mundo."
Verdade, há situações seríssimas a acontecer um pouco por todo o planeta, neste preciso momento; consequências das alterações climáticas, desastres naturais, guerras (aliadas às desigualdades sociais e aos interesses políticos e religiosos).
Mas isso não implica que não possamos alertar para, e tentar solucionar, outros problemas que, apesar de comparativamente menores, afetam muitos de nós de formas concretas e com efeitos duradouros.
Não podemos, nem devemos, minimizar a dor de alguém que acabou uma relação, ou perdeu o emprego, ou foi vítima de um boato maldoso, só porque algures no mundo há pessoas desalojadas por um terramoto ou a lutar contra uma doença terminal.
Podemos, sim, revoltar-nos contra a falta de acesso a água potável que afeta milhões de pessoas no mundo E, simultaneamente, apoiar uma vítima de cyber bullying com um comentário solidário.
A Internet - e, principalmente, a anonimidade que esta garante - consegue fazer exacerbar a tendência para a falta de empatia, mas foi também pelas redes que li um conselho que vou partilhar convosco agora: tentem sempre ser educados e compreensivos, porque nunca sabemos pelo que o indivíduo do outro lado da conversa (em pessoa ou online) está a passar.
Posto isto, vou seguir a minha própria recomendação e tentar (mas tentar apenas) considerar a possibilidade de que as pessoas que fazem os comentários acima mencionados têm boa intenção ou apenas não têm a informação necessária, mas, neste caso, não será da sua responsabilidade, também, fazer com que assim não seja?