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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

28 de Julho, 2022

Deus Cria as Bactérias

Inês R.

Deus: Quarta-feira!

Anjo: O Meu Senhor tem a certeza que um dia de adoração por semana não será suficiente?

Deus: Mas e se eles se esquecem de mim? Sabes bem que só visitam aos Domingos por obrigação…

Anjo: Talvez não o queiram chatear por tudo e por nada…

Deus: Já sei! Vou pô-los doentes!

Anjo: O quê?! Mas, Senhor-

Deus: Eles não me largam quando estão doentes.

Anjo: Sabe que não pode começar a cortar braços e pernas, a torto e a direito, certo, Meu Rei?

Deus: Um disfarce, claro!

Anjo: Não era bem o que eu queria dizer…

Deus: E se eu colocar milhões de criaturas minúsculas na água para os fazer vomitar sangue e amputar pés com gangrena, hã?

Anjo: …Certo. E de que cor-

Deus: Invisíveis! Vai ser um mistério engraçado para eles desvendarem.

Anjo: Claro que vai. E quando é que planeia que a revelação venha a acontecer?

Deus: Daqui a umas centenas- não, milhares de anos! Pra ser mais emocionante.

Anjo: Será, certamente. E já pensou num nome?

Deus: Bactérias!

Anjo: Adoro. Muito exótico.

Deus: Não é?

25 de Julho, 2022

Provérbios Portugueses Atualizados

Inês R.

Em terra de smartphones quem tem powerbank é rei.

O algoritmo ajuda quem cedo publica.

Cancelar dois influencers com um tweet só.

As conversas são como as Pringles.

Online, todos os anónimos são parvos.

Não adianta chorar sobre o documento apagado.

De boas intenções está o Facebook cheio.

Em briga online de futebol ou política, ninguém fale de ética.

Quando um não quer, dois não partilham a pass da Netflix.

Tatuagem que nasce torta, tarde ou nunca se endireita.

Amigos, amigos, likes à parte.

Ter um olho no Whatsapp e o outro no botão do volume.

Em Instagram de influencer, o corpo é de Photoshop.

Blogues publicados, trabalhos dobrados.

Os últimos serão os primeiros a desistir.

 

Quem quer acrescentar mais um ou dois?

21 de Julho, 2022

A POCa Vergonha

Inês R.

As manhãs são sempre menos complicadas.

Antes de me deitar tenho de verificar portas e janelas, os bicos do fogão, o frigorífico, todos os interruptores que me ficam a caminho – e acender e apagar o do quarto um número específico de vezes - fechar a porta apenas e só após um específico número de tentativas, colocar o telemóvel no sítio certo – e nem um milímetro ao lado – tirar o meu roupão, um braço de cada vez – por essa ordem – e garantir que deixo os chinelos perfeitamente paralelos entre si – já que, se for preciso, levanto-me para confirmar, e geralmente é preciso. E só depois de terminar este meu ritual da noite posso, finalmente, deitar a cabeça na almofada pela quinta ou sétima vez e tentar, sim tentar, dormir.

Mas não de manhã. De manhã só tenho de me preocupar com interruptores, portas, torneiras, toalhas de esguelha, assentos de sanita teimosos, botões de microondas, colheres do lado errado da chávena, botões de camisas, de calças e de casacos, tampas de desodorizantes e batons do cieiro, e o ocasional palavrão ou dez.

As manhãs são sempre menos complicadas. Nunca disse que eram fáceis.

18 de Julho, 2022

História de uma Calinada

Inês R.

Quem nunca cometeu uma pequena gafe perante uma prescrição médica escrita à mão que atire a primeira pedra.

Era a primeira vez que eu via aquele nome comercial (sem principio ativo, note-se) e o fato de ser um injectável fez-me, imediatamente, aconselhar uma ida ao gabinete de enfermagem; o que não recebeu sequer um aceno de cabeça e eu fiquei ligeiramente preocupada: há malta que não tem tempo nem para morrer.

Mas foi quando o dito remédio chegou à farmácia no dia seguinte que eu percebi a falta de reacção do fulano. Era um injectável, certo, mas de aplicação local, mais propriamente num dos corpos cavernosos do órgão genital masculino.

Era um medicamento utilizado para a disfunção eréctil e eu tinha sugerido ao homem ir à senhora enfermeira levar a pica…

Felizmente, não fui eu que o atendi da segunda vez (já que não ia conseguir controlar a cor da minha cara…) e nunca mais me lembro de o ter visto na farmácia – o que é compreensível, tínhamos um utente do comprimido azul que não morava sequer no concelho e que fazia a viagem regularmente apenas e só para levantar aquela receita.

Vendi mais uns quantos durante os meus anos de serviço – até fiquei a saber que havia mais que uma dosagem – mas passei a deixar que a montanha fosse a Maomé; digo que fossem os utentes a colocar as questões, se as tivessem.

E, certo, foi um momento menos bom, mas não trouxe mal nenhum ao Mundo, e quando se está atrás de um balcão de farmácia, o risco de embaraço será o menos preocupante.

14 de Julho, 2022

Em.prés.ti.mo

Inês R.

O que acontece num banco não é um empréstimo!

Diria até, que está a um revólver de ser assalto à mão armada.

Um empréstimo é “aqui tens o teu CD de volta, gostei muito!” ou um “desenrascas-me cinco paus? Pago-te amanhã”.

Um empréstimo são os sapatos de cerimónia da tua melhor amiga ou o carro do teu pai.

Vender dinheiro não é emprestá-lo.

Deveriam dar-lhe o nome certo.

11 de Julho, 2022

Psicologia Pra Levar

Inês R.

O que fazer perante um comentário anónimo maldoso?

Ponto 1 – Construir (na sua cabeça) uma resposta em tom irónico, toda ela bem articulada e com argumentos infalíveis, que o anónimo ou anónima não conseguirá bater;

Ponto 2 – Não escrever absolutamente nada! E afastar-se do teclado/telemóvel, pelo menos, durante uma hora;

Ponto 3 – Regressar ao comentário já com a cabeça fria e tomar uma das seguintes ações: ignorar o dito, apagá-lo, ou escrever uma qualquer variação do comentário passivo-agressivo “quer dizer, a liberdade de expressão é um direito”;

Ponto 4 – Seguir com a sua vidinha, sabendo que o comentário, muito provavelmente, surgiu de uma mente frustrada que escolheu o ataque anónimo para tentar lidar com os seus próprios problemas (que nada têm a ver com o texto em questão). O que é compreensível, mas não aceitável.

07 de Julho, 2022

Eau de Torneira

Inês R.

Tenho para mim que é psicológico.

A água engarrafada não sabe particularmente melhor nem é mais segura (explico melhor daqui a uns parágrafos), pelo que só pode ser o mesmo argumento usado pela malta a quem o café “só sabe bem se em chávena de louça”.

E atenção que eu sei bem o que isto é (a Perturbação Obsessivo-Compulsiva não me deixa atirar nem a primeira nem a segunda pedra a ninguém), mas, então, a solução existe e é bastante simples: será colocar a água da torneira num copo ou garrafa reutilizável antes de a beber.

Pode não ser o caso em absolutamente todos os concelhos do país, mas, em grande parte, a água da torneira é segura e bem boa para consumo. Eu que o diga. Fonte 1

Já as águas engarrafadas (minerais naturais ou de nascente) podem ou não estar próprias para consumo, uma vez que, pela própria exigência da lei, não podem sofrer nenhum tipo de tratamento químico. Fonte 2

Eu sei que neste momento estão a pensar: “Mas, ó Inês, sem químicos é que é bom!”

Seria se não houvesse uma imensidão de doenças causadas por agentes patogénicos que curtem bué de nadar nas correntezas da auga nacional (e do mundo). E o controlo do processo de captura destas águas para engarrafamento nunca pode ser garantido para todas as garrafas, já cada copo cheio com água da torneira tem a mesma garantia que o seguinte.

Se tudo isto não servir de incentivo, peço-vos que pensem um bocadito na quantidade de plástico e dinheiro que se poupa ao optar pela bela da Eau de Torneira.

04 de Julho, 2022

O Lápis Verde

Inês R.

Esta é a mão pesada do Lápis Verde: no meu blogue, eu apago os comentários que eu quiser.

Em bem da verdade, posso dizer com alguma certeza que apaguei, neste ano e meio de blogue, um total de quatro ou cinco comentários, e dois deles eram publicidade a videntes ou propaganda misógina num Inglês ininteligível.

Não que não tenha tido visitantes, digamos, menos entusiasmados com a minha escrita, mas a esses prefiro dar a outra página, digo, face – são precisos dois para dançar o Tango e esta menina não dança.

Mas, regra geral, se um comentário vier por bem, é sempre bem-vindo.

Estou sempre disposta a aprender e a mudar de opinião mas, nessa impossibilidade, posso sempre concordar em discordar do que me está a ser dito e aceitar que leve cada um para casa a sua bicicleta.

No entretanto, a curadoria da minha experiência na Internet, faço-a eu.