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Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

Em Letras Pequeninas

Podem tirar a rapariga da farmácia, mas não podem tirar a farmácia da rapariga. Salvo seja…

28 de Fevereiro, 2022

Entre Vizinhos

Inês R.

Uma oliveira, um metro de serventia, ou um rancor antigo, e uma espingarda.

Já ouvimos esta história vezes sem conta e todos sabemos qual o seu desfecho. Mas continuamos sem conseguir compreender como se tira uma vida por um bocado de terra.

E quando esse pedaço de terra é um país soberano do velho continente Europeu, a nossa incredulidade é, naturalmente, muito maior. Principalmente, porque não há a atenuante de derivar da paixão do momento; a invasão de um país vizinho é, indubitavelmente, planeada com antecedência e tem o aval de inúmeras pessoas em posições de autoridade.

E se à morte e destruição juntarmos as incalculáveis repercussões económicas que poderão surgir nas costas de dois longos anos de pandemia, apenas podemos desejar que as coisas corram pelo melhor enquanto nos preparamos para o pior.

Pelos milhões que sofrem na pele as consequências das decisões de alguns não conseguimos fazer muito, para além de lhes abrir as nossas portas e doar a organizações que os apoiam. Não ajudará todos, mas será tudo para muitos.

Como ajudar o povo ucraniano: oito coisas que pode fazer - link

24 de Fevereiro, 2022

Jogar ao Entrudo

Inês R.

1080px-Venice_Carnival_-_Masked_Lovers_(2010).jpg

A burra foi pintada de azul. A burra foi pintada de azul e presa à varanda do vizinho, de onde se atirou durante a noite.

De entre as partidas de Carnaval que mais me marcaram esta estava, garantidamente, no topo da minha lista; seguida, muito de longe, pelo estrume escarrapachado nas janelas da Escola Primária. Já os vasos de flores mudados de lugar nem chegam ao top cinco.

E, certo, não posso comparar uma aldeia do interior de Portugal com o maior país da Europa, mas, ó raio, se o indivíduo que invadiu a Ucrânia depois de dizer que “nunca, tás parvo, ó quê?” não saltou prá pole position com uma habilidade do caraças.

E ainda conseguiu a proeza de nos deixar a todos mascarados de palhaços.

Parece que este ano, quer queiramos quer não, jogamos todos ao Entrudo.

Imagem: By Frank Kovalchek from Anchorage, Alaska, USA - Couple in love at the 2010 Carnevale in Venice (IMG_9534a), CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=13290679

21 de Fevereiro, 2022

A Guerra dos Territórios

Inês R.

Saiu um episódio novo daquela série Ucraniana.

Eu tinha deixado de ver, mas parece que houve um twist no argumento e a série foi renovada para mais uma temporada.

O vilão é daqueles que todos adoramos odiar; um ser desprezível que se imagina do lado certo da história e tem, por isso, toda a confiança de que se vai sair vitorioso.

Os personagens principais são velhas vedetas de Hollywood que, depois do seu close-up, seguem para a segurança da sua roulotte, de onde só saem para comer caviar e posar para os paparazzi.

Já os extras, cujos nomes nem aparecem nos créditos, vivem numa perpétua angústia à espera do inesperado e são os únicos que realmente perdem propriedades neste jogo de monopólio político. No último episódio, serão reduzidos a um número arredondado antes do fade to black.

Se ao menos pudéssemos pressionar o estúdio a mudar de guionistas, talvez conseguíssemos evitar que a história se repetisse.

17 de Fevereiro, 2022

Body Swap

Inês R.

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Tive uma ideia brilhante para uma história! E, quase, no mesmo instante cortei-lhe as pernas.

Depois de me aperceber que todos os filmes que conhecia a envolver trocas de corpos (em Português não soa tão bem, pois não?) eram comédias, pensei que seria interessante experimentar escrever um body swap drama.

Pois ainda não tinha o outline começado e já tinha encontrado um problema grave na parte mais científica da ficção; sem feitiços nem poções, como é que eu explico uma troca de corpos que soe minimamente plausível?

É que a rapariga das ciências que há em mim não se deixa trocar nem por nada. (Viram o que eu fiz aqui?)

Em primeiro lugar, o conceito implica a existência de algo incorpóreo (um espírito) que nos habita e que nos define enquanto indivíduos. Depois, que esse algo possa, sabe-se lá como, migrar para a carcaça “vazia” de outra pessoa e, ainda assim, manter todas as suas memórias e vivências. Que raio de aparelho teria capacidade para tal coisa?

E, escutem, a tentação de deixar o processo de troca por explicar e valer-me de mistérios e CUT TO’s é forte – até porque o resto do enredo quase se escreveu sozinho (algo raro) – mas eu detesto deixar pontas soltas. Até porque, se eu reparei nas inconsistências, o mais provável é que mais alguém repare, também.

Por agora estou a magicar ideias e a pesquisar possibilidades na esperança de encontrar uma que valha a pena perseguir. Qualquer sugestão é muito bem-vinda!

Imagem: By Columbia Publications/Milton Luros - http://www.philsp.com/mags/science_fiction_quarterly.html, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=45119033

14 de Fevereiro, 2022

Feliz Segunda-Feira!

Inês R.

1080px-February_calendar.jpg

Solteirona.

Ficou pra tia.

Ninguém lhe pega.

Ou, nas sábias palavras dos Gato Fedorento: É esquisita, a gaja.

Já bem depois dos trinta e sem anilha no dedo não pode ser por opção. Principalmente, quando todos à sua volta parecem estar a planear o segundo filho e/ou o primeiro divórcio.

Mas a verdade é que nem todas queremos casar (ou gastar uma fortuna num dia esgotante que passa numa vertigem de flashes de máquina fotográfica e arroz - perdão, pétalas de flores, que o desperdício de arroz é uma afronta a quem não tem de comer, perpetrada pelos convidados de uma boda com 5 pratos ao almoço e 6 horas de copo d’água) ou, mesmo, partilhar a vida com outra pessoa.

Algumas de nós sabem que romances à Hollywood só acontecem nos filmes e que, na vida real, há que haver compromisso para que uma relação resulte. Mas, principalmente, que há malta que não se quer comprometer com ninguém e, ainda assim, se vê a provar bolos de noiva, aos sábados à tarde, entre visitas a floristas e provas de vestidos.

A somar à pressão que colocamos a nós próprias, há todo um conjunto de familiares, amigos, conhecidos e completos estranhos que se sentem no direito de questionar as nossas escolhas – ou falta delas – sobre o que circunda o nosso anelar esquerdo ou habita o nosso útero.

Mas se não tenho absolutamente nada contra o Dia de São Valentim – vá lá, malta, é só um dia, mais ou menos, fofo pra quem tem parceiro romântico – este dia 14 é para mim, apenas e só, uma segunda-feira como outra qualquer.

Imagem: By Photos Public Domain - http://www.photos-public-domain.com/2011/02/15/february-calendar/, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=18338271