O Tom dos Texts
A malta que sofre das ansiedades concordará comigo que se há coisa que nos deixa a matutar é o tom com que uma mensagem de texto que escrevemos chega ao destinatário.
Porque as palavras podem sair no nosso telemóvel com um tom amigável e descontraído e chegar ao aparelho do nosso familiar ou melhor amigo com uma ironiazinha – que, provavelmente, apanhou pelo caminho – já a passar de prazo.
Nunca me hei de esquecer do dia em que fui confrontada com o tom das minhas mensagens de texto. Foi-me perguntado se eu estava chateada com alguma coisa, ao que eu respondi: “Não! Porquê?” Enquanto pensava obsessivamente: “Oh, não! De que coisa, certamente, horrível, mas que eu não me lembro de ter feito, se vai ela queixar?”
Ao que parece, um simples “Xau" torna seca qualquer mensagem, mas eu tinha uma excelente desculpa; naqueles tempos, as mensagens de texto pagavam-se e eu, uma simples estudante do ensino superior, sem dinheiro para esbanjar em carregamentos de telemóvel – porque era preciso guardar o saldo para ligar aos pais todas as noites – tinha de saber economizar os caracteres.
Ora, apesar de práticas, as minhas mensagens eram, de facto, bastante secas em tom, pelo que a partir desse momento decidi dizer “que se lixe” e passei a terminar todas elas, mas absolutamente todas, com um doce “Xauzito”. Muito mais fofo, não concordam?
Curiosamente, este truque não resolveu todos os meus problemas de ansiedade e, por isso, continuo a trabalhar diariamente para não ter uma apoplexia de cada vez que recebo uma mensagem no telemóvel.
Valem-me os emojis. :-)
(este texto foi inspirado por este post d’ A Introvertida)
Imagem: By Cangjie6, Jacek Fink-Finowicki - Cangjie6, Jacek Fink-Finowicki, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=80901890